A língua escrita não dispõe dos recursos rítmicos da língua falada. Para suprir tal deficiência, serve a íngua escrita dos sinais para isso convencionados. Todos estes fatores envolvem as Regras de Pontuação da Língua . Os sinais de pontuação podem ser divididos em dois grupos:
Sinais para pausas e sinais para marcar entonação (melodia)
Sinais para marcar pausas:
a)Vírgula /./
b)Ponto-e-vírgula /;/
c)Ponto final /./
Sinais para marcar entonação:
a)Dois-pontos /:/
b)Ponto de interrogação /?/
c)Ponto de exclamação /!/
d)Reticências /…/
e)Aspas /” “/
f)Parênteses /( )/
g)Colchetes /[ ]/
h)Travessão /-/
OBS: Esta distinção, embora bastante cômoda, não é rigorosa. Em geral os sinais da pontuação marcam concomitantemente pausa e entonação (melodia).
Regras de Pontuação da Língua – Vírgula
É marca de uma pausa pequena. Emprega-se não só para separar termos da oração mas também para separar orações.
a)Separa elementos: Que exercem a mesma função sintática quando não vem conexos pelas junções “e,ou,nem”.
Exemplos: “A sua fonte, a sua boca, o seu sorriso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e de cores…” (Teixeira de Pascoaes)
“Os homens em geral são escravos, vivem presos às suas profissões, aos seus interesses, aos seus procedimentos”. (J.Amado)
OBS: Se as conjunções “e,ou,nem” vierem repetidas numa enumeração, costuma-se separar os elementos coordenados por vírgula.
Exemplo: “Por água ou terra, ou campos, ou florestas; Tremei!…” (G. Dias)
b)Separação o aposto ou Qualquer elemento meramente explicativo.
Exemplos: Mané, o namorados, está triste.
Conheço, sim, a desgraça de ser pobre.
A mim, com efeito, nada me faz falta.
c)Separa o vocativo.
Exemplos “-D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter nosso Bentinho no seminário?” (M. de Assis)
d)Separa elementos repetidos.
Exemplos: “Contigo, contigo, Antônio Machado, fora bom passear”. (C. Meireles)
e)Separa o adjunto adverbial antecipado.
Exemplos: “Sem alegrias, humanidades não compreenderia a simpatia e o amor” (Ramalho Ortigão)
OBS: Quando o adjunto adverbial é pequeno (um advérbio), pode-se dispensar o uso da vírgula: Hoje está tudo bem.
f)Indica a supressão de uma palavra (ou palavras).
Exemplos: Na terra fria, dois corpos estendidos.
“A tarde de ouro pálido, e o mar, tranquilo como o céu.”(J. Amado)
g)Separa as orações coordenadas assindéticas.
Exemplo: Ligou o carro, acendeu um cigarro, fixou o olhar na mulher da sacolinha, refletiu um pouco, resolveu passar a noite só, bebendo o resto de sua januária.
h)Isola orações intercaladas.
Exemplos; “Lá vem ele com as raízes, resmungou Paulino, baixando a cabeça”. (Castro Soromenho)
Regras de Pontuação da Língua – Ponto e Vírgula
O ponto é vírgula marca um pausa intermediária entre o ponto e vírgula, aproximando-se ora mais daquele, ora mais desta.
a)Separa num período as orações da mesma natureza e extensas.
Exemplos: “Numa tarde de outono murmuraste; toda a mágoa do outono ele me trouxe…” (F.Espanca)
b)Separa partes de um período das quais uma, pelo menos, esteja separa por vírgula.
Exemplos: Apelidaram-me de Fofo; ele, Pafúncio.
Era muito tarde; mas, antes de sair, tomei a última pinga.
c)Separa os diversos itens de enunciados enumerativos. Divide longos períodos em partes menores no encadeamento do estilo oratório.
Regras de Pontuação da Língua – Ponto
É marca de pausa máxima da voz depois de uma comunicação de final descendente e nas abreviaturas.
a)Marca o final de uma frase declarativa.
Exemplos: “Estou parada, sozinha, na frente da casa de estância, olhando para o poente. O sol parece uma grande laranja temporã, cujo sumo escorre pelas faces da tarde. O ar cheira a guaco queimado. Um silêncio de paina crepuscular envolve todas as coisas.” (Érico Veríssimo)
b)Marca a passagem de um grupo de ideias para outro.
Exemplo: “Lá embaixo era um mar que crescia”.
Começara a chuviscar um pouco. E o carro subia mais para o alto, com destino à casa de Amâncio, que era a melhor da redondeza. O povo olhava feito besta para o carro com o Dr. Juca deitado.” (J. Lins do Rego)
c)Marca o final de um enunciado.
Exemplo: “Maria Augusta passava as mãos pela sua cabeça quase toda branca.”
OBS: Nesse caso temos o Ponto Final.
d)Emprega-se em qualquer palavra abreviada.
Exemplos: abr. (abril)
adv. (advérbio)
Regras de Pontuação da Língua – Dois Pontos
Os dois-pontos serve para marcar, na escrita, uma sensível suspensão da voz na entonação de uma frase não concluída. Emprega-se.
a)Para anunciar uma citação:
Exemplo: “Entrou na sala um enfermeiro e disse a Olivia em voz baixa:
-Parece que o quartel vai entregar a rapadura” (Érico Veríssimo – Clarissa)
b)Para anunciar uma enumeração explicativa:
Exemplo: Encontramos muitos amigos: o Paulo, o André, o Cabelo de Fogo, o Andorinha… mas nenhum deles quis ajudar.
c)Para anunciar um esclarecimento:
Exemplo: – A proposta é boa: achava que poderia arranjar o dinheiro.
“E a felicidade traduz-se por isto: criaram-se hábitos.”
“Não era desgosto: era cansaço e vergonha.”
(C. Osório)
OBS: Há autores que preferem o uso de dois pontos em vez de vírgula nos vocativos que encabeçam cartas, ofícios, requerimentos, etc.
Regras de Pontuação da Língua – Ponto de Interrogação
É o sinal que se usa no final de qualquer pergunta, ainda que não exija resposta.
Exemplos:
-“Então, a coisa sai mesmo?
– Se sai? Já saiu! Não viu os jornais?”
– Estará surdo? Estará a tentar irritar-me?
(Sttau Monteiro)
OBS: Nas perguntas que denotam surpresa empregam-se por vezes o ponto-de-interrogação e ponto-de-exclamação.
Exemplos:
Quem é que não foia Roma?!!
-ah é a senhor?!
-Então! … quem fez isso? …Você?!
Regras de Pontuação da Língua – Ponto de Exclamação
É o sinal que se pospõe a qualquer enunciado de entonação exclamativa. Sendo a variedade melódica muito vasta, cabe ao leitor interpretar a intenção do escritor.
Emprega-se normalmente o ponto de exclamação:
a)Depois de interjeições.
Exemplos: ah, já!, hern!, basta! credo!
-Credo em cruz!Gemeu Raimundo assombrado. (G. Ramos)
b)Depois de frases exclamativas.
Exemplos:
Que lindo sol de primavera!
“Que pureza e correção de linhas!” (C. Castelo Branco)
c)Depois de frases imperativas:
Exemplos:
-“Agarrem!
– Gentes, agarrem! Agarrem!” (Castro Soromenho)
d)Junto ao ponto de interrogação nas perguntas exclamativas.
Exemplos:
Aconteceu o imprevisto ?!