O ano de 1799 foi marcado pelo fim comumente chamada Revolução Francesa e pelo início do governo de Napoleão Bonaparte. No entanto, essa transição não significou a volta do Antigo Regime nem mesmo o retrocesso das conquistas burguesas. A estrutura política e econômica que modelou a França durante a Idade Moderna não seria mais a mesma. A despeito da centralização de poder estabelecida por Napoleão, especialmente durante a fase do Império, os interesses burgueses predominaram e a nobreza e o clero foram cada vez mais “domesticados”.
A Era Napoleônica foi fundamental para o estabelecimento de uma nova ordem política. Para muitos historiadores, a derrubada da monarquia absoluta, efetuada pela Revolução Francesa, marcou o fim da Idade Moderna e o início da Contemporânea. O governo Napoleônico, portanto, inaugura essa nova fase da história europeia. No entanto, as mudanças trazidas pelos ideais revolucionários e pelo governo Bonaparte não ficaram restritas à Europa. Várias das ideias defendidas pela revolução espalharam-se pelo mundo e as ações de Napoleão, especialmente durante a fase do Império, colaboram bastante para isso.
A difusão de uma nova ordem, caracterizada por um novo regime, ficou bem representada pelo governo de Napoleão Bonaparte. Uma onda de revoluções burguesas se seguiu à Era Napoleônica , tanto na Europa quanto na América. Antes dos franceses, os ingleses já haviam feito sua revolução burguesa, mas o impacto da difusão desses ideais, durante o período bonapartista, foi de um alcance bem maior.
O Cônsul Napoleão Bonaparte – (1799 A 1804)
Como um dos mais famosos personagens da história francesa, Napoleão Bonaparte desponta como uma espécie de “menino prodígio”. Com apenas 26 anos de idade destacou-se na defesa do governo revolucionário francês, sendo eleado à condição de general do exército. Aos 30 anos chegou ao poder, através do Golpe do 18 de Brumário, tornando-se o homem mais poderoso da França. Passados mais quatro anos, ele assume a posição de imperador. A partir de então, um longo processo de conquistas, anexações e submissões tem início no continente europeu. Suas ações afetaram a América, e de modo especial, o Brasil.
Elevado ao podem em 1799, representando a esperança burguesa em mantar suas conquistas, Napoleão Bonaparte deu início a um processo de reorganização da nação, não alcançado na fase revolucionária. Ocupando o cargo de primeiro cônsul da França. teoricamente dividida o poder com outros dois cônsules que, no entanto, logo perceberam que o novo líder concentraria toda a força do governo em suas mãos.
Muitas ações deveriam ser tomadas para que a França fosse colocada em ordem. Napoleão, agindo rápido, com determinação, autoridade e pouca democracia, deu início à implantação de várias mudanças. Nesse momento a França enfrentava graves problemas internos e externos. A crise econômica, uma das causas que conduziu ao processo revolucionário iniciado em 1789, ainda não havia sido resolvida. Algumas medidas já haviam sido tomadas, como a nova forma de cobrança de impostos, que incluía os mais abastados ou desapropriações de terras de igreja, entre outras. Porém, a economia da França ainda estava profundamente desorganizada, o que impedia o seu crescimento potencial.
Muitos acordos estabelecidos por Napoleão, no entanto em resumo esses acordos pretenderam tranquilizar as monarquias vizinhas, demonstrando que a onda revolucionária burguesa estava contida. Com a Inglaterra foi assinada a Paz de Amiens, que garantiu uma trégua entre as duas potências europeias. Todos esses acordos alcançaram a tão almejada paz que os franceses há muito aguardavam.
Com a Igreja Católica, Napoleão assinou uma concordata. Na prática, esse acordo significou a submissão da Igreja francesa ao Estado Francês. Bonaparte reconhecia a religião católica como majoritária, porém transformava os membros do clero francês em virtuais funcionários do Estado. Uma ampla reforma educacional foi implementada. O estudo se torna o grande meio de formação de uma sociedade consciente de seu papel como “célula” do “corpo” do Estado.
Em relação a Economia as mudanças, não foram menores. Criou-se o Banco Central da França, responsável pela padronização monetária. A nova moeda, o franco, esteve em vigor até a implantação do Euro, em janeiro de 2002.
Napoleão Bonaparte – O Imperador (1804 A 1815)
A cerimônia de coroação de novo imperador entrou para a história por sua singularidade.Tradicionalmente essas cerimônias ocorriam na sede da Igreja Católica, em Roma. Os monarcas recebiam sua coroa das mãos do Papa, que colocava esse símbolo de poder na cabeça real. Essa ação simbolizava que o poder do monarca tinha sua fonte em Deus, representado pela Igreja, na pessoa do papa. No caso de Napoleão, ele fez com que o papa fosse até Paris e, na famosa catedral de Notre Dame, diante de vários monarcas europeus, levantou-se, tomou a coroa em suas mãos e colocou-a em sua própria cabeça. Logo em seguida, coroou sua esposa Josefina.
Coroado Imperador seu autoritarismo se intensificou ainda mais. Várias liberdades políticas e individuais forma eliminadas. A imprensa foi censurada e passou a ser controlada com firmeza pelo governo. Propaganda favoráveis eram muito bem-vindas. O serviço-militar tornou-se obrigatório e o exército francês passou a se organizar em moldes profissionais.
Sem abandonar as principais aspirações da burguesia, Napoleão Bonaparte deu início a um projeto de expansão militar que levou a França a se submeter quase todo ou indireta, a maioria das nações europeias passou a conviver com a influência francesa.
Diante de muitas intervenções de países contra a França, no período napoleônico. O desfecho lhe conferiu o título Governo dos Cem Dias. Dessa vez, seu exílio se deu na ilha de Santa Helena, bem distante da Europa, localizada em meio ao oceano atlântico. Seis anos depois de sua chegada a essa ilha, Napoleão Bonaparte faleceu, no dia 5 de maio de 1821.