No dia 3 de Novembro de 1930, no Palácio do Catete, o poder foi entregue a Getúlio Vargas, considerado o chefe político do movimento de 1930, também chamado, por grande parte dos historiadores e estudiosos, da Revolução de 1930. Assim terminava a Primeira República e tinha início uma nova etapa na história do Brasil, que seria marcada pela política do líder gaúcho. Por isso, essa época que se estendeu até 1945, ficou conhecida como Era Vargas ou período getulista. Durante esses 15 anos, ocorreriam significativas transformações socioeconômicas no país, principalmente devido aos novos rumos dados às políticas públicas. E assim inicia-se o Governo Vargas e sua história no Brasil.
Segundo a divisão tradicional adotada pelos historiadores esse período divide-se em; governo provisório (1930 – 1934), governo constitucional (1934 – 1937) e governo ditatorial ou Estado Novo (1937 – 1945). Ao chegar a presidência da República, Getúlio Vargas tomou medidas para assumir o controle político do país. Entre suas primeiras providências, historiadores destacam as seguintes:
*Suspensão da Constituição republicana de 1891;
*Fechamento dos órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais);
*Indicação de interventores militares ligados ao tenentismo para chefiar os governos estaduais.
O que Getúlio pretendia com a designação de interventores estaduais era desmontar a estrutura política da Primeira República, baseada no poder dos coronéis-fazendeiros. Os interventores acreditavam que em pouco tempo eliminariam a força dos grupos políticos tradicionais. Não eliminaram, mas conseguiram reduzir o poder dos representantes dos fazendeiros que sustentavam o regime deposto em 1930 no Governo Vargas.
Governo Vargas – Movimento Constitucionalista (1932)
Aos poucos, o governo de Vargas revelou-se cada vez mais centralizador, demonstrando também preocupação com a questão social e interesse em defender as riquezas nacionais. Tudo isso assustou grupos opositores, especialmente os de São Paulo, que desejavam a volta das práticas existentes na Primeira República e temiam as mudanças socioeconômicas apontadas pelo Governo Vargas.
Assim, para enfrentar o governo federal, os líderes do Partido Republicano Paulista formaram uma frente única com os líderes do Partido Democrático (dissidentes do próprio PRP), que haviam apiado a Revolução de 1930, mas estavam descontentes com a nomeação do interventor João Alberto Lins e Barros para governar São Paulo. A oposição política passou a exigir a nomeação de um interventor civil paulista para o estado. Cedendo a essas pressões, o presidente Vargas nomeou Pedro de Toledo para a função, mas isso não foi o suficiente para silenciar a oposição de São Paulo, que também pedia novas eleições e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Como ainda controlavam o viciado sistema eleitoral da região, os ricos fazendeiros paulistas acreditavam, que com a eleição poderiam retomar o controle da situação.
Instalou-se , então em São Paulo, um movimento constitucionalista que alcançou as ruas protestando contra o governo federal. Isso mobilizou parte da população. Em 23 de maio de 1932, quatro estudantes do estado paulista Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo morreram no confronto com a polícia, numa manifestação pública contra o governo federal. Esse fato exaltou mais os ânimos.
Com as letras iniciais dos nomes desses estudantes mortos, formou-se a sigla MMDC, que se tornou símbolo no estado. No dia 9 de julho de 1932, teve início a chamada Revolução ou Revolta Constitucionalista, que mobilizou 30 mil pessoas armadas em São Paulo para lutar contra o governo federal. As tropas paulistas eram formadas pelos soldados da polícia estadual (Força Pública) que aderiram ao movimento contra as determinações do interventor; além de um grande contingente de voluntários. Muitas indústrias do estado contribuíram coma a fabricação de material de guerra, como granadas, máscaras contra gases, lança-chamas e capacetes.
Depois de três meses de enfrentamentos e muitos mortos e feridos, os combatentes paulistas acabaram derrotados pelas tropas federais, mais numerosas e bem equipadas. Era o fim do movimento. O governo federal, no entanto, procurou evitar indispor-se novamente, com a elite de um estado, que embora derrotado militarmente, tinha grande poder socioeconômico. Assim, em novembro de 1933, o Governo Vargas, instalou a Assembleia Nacional Constituinte, principal reivindicação formal do movimento de 1932.
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